domingo, 5 de fevereiro de 2017

Taylor Swift: vítima ou culpada?

Essa semana, o Buzzfed postou o artigo How Taylor Swift Played The Victim For A Decade And Made Her Entire Career (Como Taylor Swift construiu toda a sua carreira bancando a vítima), um texto que pretende mostrar como Taylor Swift se fez de vítima para alcançar e manter seu sucesso.

Primeiro, é importante enfatizar que não sou a maior fã da Taylor Swift, não acompanho sua carreira além do que mostram os grande portais e nunca me dediquei a ouvir sua discografia. Por muito tempo achei que as pessoas a superestimavam. No fundo, a figura de garota doce e perfeita me irritava profundamente. Aí aconteceu o RED e depois o 1989, dois álbuns cheios de ótimas músicas que iam muito além do country antes característico da Taylor. Eu finalmente me apaixonei e não foi só pelo fator pop.

Tinha algo a mais na artista que visitava fãs em hospital, doava grana para que continuassem seus estudos e levava-os para ouvir seu álbum pela primeira vez em sua própria casa. Como profissional de Relações Públicas, tenho plena consciência de que muitos artistas usam da caridade para se promover, mas quando se trata da Taylor Swift, as doações nem sempre tem motivos óbvios.

Dito isso, vamos analisar o que diz o texto do Buzzfeed.

bora!


As brigas e os ex-namorados


Lendo o artigo, é difícil discordar de algumas partes. A briga com Katy Perry, por exemplo, se não foi uma tremenda campanha de vitimização, só pode ter a ver com ciúme do John Mayer e nesse caso não posso julgar porque eu provavelmente brigaria muito mais pelo John Mayer.

Por outro lado, Taylor Swift pode ter se sentido traída por acreditar que seus bailarinos são propriedade sua, algo comum entre pessoas que dificilmente ouvem um ‘não’ e provavelmente acham que o mundo lhes deve algo. Feio, bem feio. Mas como Katy Perry também não reagiu de maneira digna à treta, soltando indiretas sempre que surgia uma oportunidade, eu decidi simplesmente ignorar que essa briga um dia existiu e seguir em frente.

Outra crítica encontrada no texto é o fato de que Taylor Swift nunca escondeu que escreve músicas para seus ex-namorados. Por vezes as histórias ganharam detalhes explícitos, como quando ela contou que Joe Jonas terminou com ela pelo telefone. Além disso, a cantora é acusada de expor essas situações em períodos específicos que coincidiam com a data de lançamento de seus álbuns, apenas para promover sua imagem de vítima e, desta forma, impulsionar as vendas.

Feminista de ocasião


A militância feminista da Taylor Swift é outro aspecto largamente criticado e com razão. Milhares de textos foram (bem) escritos sobre isso, principalmente na época do mal entendido entre ela e a Nicki Minaj, mas sinceramente eu cansei desse assunto há muito tempo e tive preguiça até mesmo de pesquisar bons textos para linkar aqui.

Acho válido lembrar que as duas se resolveram na base da conversa e não trocando ataques. Que belo exemplo a se seguir!

A autora do artigo diz:

"É indiscutível, no entanto, que Swift não é de forma alguma uma aclamadora do movimento. Isso fica claro em seus comentários sobre haver um “lugar especial no inferno para mulheres que não conseguem apoiar outras mulheres” e a repetida menção de seu “incrível grupo de amigas” que sempre “estão entusiasmadas em relação a outras mulheres”. Mas, como o “Washington Post” pontuou: “Há uma diferença entre ser feminista e se chamar de feminista. O feminismo é mais do que apenas apoiar suas amigas ou só exibir frases encantadoras sobre o ‘girl power’; é um movimento político com objetivos políticos”. 

Concordo, mas se eu acho que Taylor Swift precisa subir muitos degraus de aprendizagem para poder se considerar feminista, também tenho certeza que ninguém no mundo nasceu descontruído, portanto apontar dedos não vai ajudar nenhuma causa, é apenas uma maneira suja de distorcer as coisas para provar um ponto.

Calma lá, cara


Em algumas partes, o artigo beira o absurdo, como quando posiciona Harry Styles como ‘pegador’ para depois dizer que Taylor Swift só ficou com ele porque nesse relacionamento apenas uma coisa era certa: o fim trágico. Ou seja, todas as outras mulheres ficaram com Harry porque ele é lindo e talentoso, mas Taylor só queria uma boa história de vítima para contar. Oi?! É pior que as teorias Lula-preso-amanhã. Depois dessa, sugiro assistir à performance abaixo de Out of the woods no Grammy Museum para entender um pouco do que foi esse relacionamento para Taylor:



"It’s kind of what you look for, solid and healthy (relationships), but that’s not always what you get. And it doesn’t mean that it’s not special and extraordinary just to have a relationship that is fragile and somehow meaningful in that fragility.” #quemnunca

Outro exagero é quando a autora fala do início da briga entre Taylor Swift e Kanye West, e de como ela se aproveitou de seu privilégio branco para ganhar o apoio do público. Até as roupas dos dois viraram fator relevante, como se ela exercesse algum controle sobre isso:

“A reação dominante, no entanto, foi um reflexo do que o mundo foi condicionado a ver: a “ameaça” de um homem negro “furioso” aterrorizando a “inocente” mulher branca. Até mesmo as roupas alimentaram o cenário vítima/vilão que iria definir o incidente: a imagem de West, usando cores escuras e uma roupa completamente preta, contra a Doce Swift, em seu vestido de festa branco e prateado.”

MASOQ


Em 2009, quando Kanye West subiu ao palco do VMA, pegou o microfone das mãos de Taylor Swift e começou seu discurso de como Beyoncé deveria ter levado o prêmio de álbum do ano, todos nós concordamos que ele foi um bosta. O que mudou agora? Realmente, a Taylor Swift nunca pediu para fazer parte dessa narrativa, em primeiro lugar.

E se ela conseguiu superar isso e utilizou essa situação adversa para faturar, eu acho é bem feito para o Kanye, que inclusive continua nos dando motivos para achá-lo um bosta (parêntese aqui para dizer que amo o Kanye West e odeio amá-lo, porém defendê-lo fica difícil).

E Joe Jonas não é menos merda por terminar com a namorada ao telefone só porque ela resolveu expor o que aconteceu. Superem isso porque o Joe já superou faz tempo! Outro que está cagando para o que a Taylor Swift faz e escreve sobre ele é o Harry Styles e eu acho que deveríamos ser mais como ele.

Assim como Taylor Swift pode ter usado seus relacionamentos para vender álbuns, a imprensa ajudou-a a construir a imagem de vítima e a utilizou em seu favor, vendendo revistas e espaços publicitários. Por esse motivo, é ridículo que usem a imagem que ajudaram a construir para tentar destruí-la, principalmente quando se ignora um pequeno detalhe: seu talento.

Os méritos da Taylor Swift


“A briga expôs que a fragilidade branca é o componente mais imperativo no sucesso de Swift.”

Na boa, apenas pare.

Ao afirmar que o maior responsável pelo sucesso da Taylor swift foi o vitimismo, a autora ignora anos de trabalho de composição; ignora o fato de Taylor Swift ser uma multi-instrumentista, uma performer, alguém que se garante seja cantando apenas com um violão, uma guitarra ou um piano de apoio.

Eu não vou ficar numerando os prêmios que Taylor Swift já recebeu ao longo de sua carreira, mas você pode clicar aqui para ver a lista completa. São muitos!

O que me incomodou profundamente nesse artigo foi o fato dele reduzir a Taylor Swift ao personagem que ela supostamente construiu (com a ajuda da mídia). E eu gostaria de finalizar esse texto com uma lista de gente que não presta e a gente poderia escrever mil teses sobre como não merecem a fama que tem:

Azelia Banks – Tá fora da casinha faz tanto tempo e nunca vi um texto dissecando como ela foi de militante pelo direito das mulheres e negros a persona non grata do twitter. Ninguém problematiza porque ela é parte da minoria ou porque é mancada chutar cachorro morto? Gostaria de saber;

Steven Tyler – Vamos falar sobre vitimismo, então. Terminei de ler a autobiografa dele semana passada e o que posso dizer? Segundo Steven, tudo de ruim que aconteceu para o Aerosmith foi culpa das ‘mulheres intrometidas’ dos integrantes. E é só ladeira abaixo. O cara é um escrotão, mas ninguém precisou escrever artigo sobre ele porque o próprio lançou um livro de quase 500 páginas mostrando quem ele realmente é: um merda;

Kanye West – Eu vou me reservar ao direito de não discorrer sobre ele, mas vocês joguem no google;

Chris Brown – Continua batendo e ameaçando ex-namorada, mas toda semana tem alguém lançando música em parceria com esse bosta. Até quando?!

Muitas pessoas comentaram que estavam se sentindo “vingadas”, que finalmente “alguém enxergou a verdade”, mas eu lhes pergunto: que verdade é essa, cara pálida?! Nós não somos feitos apenas do que as pessoas veem ou acham que entendem de nós; não somos bons ou maus; somos seres errantes que, com esperança, estão tentando melhorar dia após dia, erro após erro.

Como diria Taylor Swift, as melhores pessoas da vida são livres, principalmente aquelas que se livram dos rótulos que insistem em nos colocar.

Com as pedras que jogaram em mim construí meu castelo - TS


terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Fechando a porta de 2016

Estamos quase em fevereiro e eu já tinha desistido de fazer uma retrospectiva musical de 2016, primeiro, porque ouvi apenas uns quatro álbuns inteiros durante o ano e, segundo, porque, pelas minhas contas, descobri um total de: 01 artista diferente ano passado – vindo diretamente da trilha sonora de Esquadrão Suicida, o que me faz imaginar que a moça já deve estar hypada (se não está, deveria).

Porém, vira e mexe me pego pensando nas milhares de pessoas que eu poderia impactar, fazendo as palavras sagradas de Nick Jonas, Ariana Grande, Shawn Mendes, entre outros, chegarem aos corações aflitos e necessitados desse Brasil.

O ano do pop

Em maio vimos o nascimento daquele que seria um verdadeiro exemplar de discão da porra; Dangerous Woman, da Ariana Grande, é simplesmente maravilhoso! São 15 músicas e 55 minutos de pura satisfação pop, com letras deliciosamente safadinhas e vocais afinadíssimos, com direito a melismas e agudos perfeitamente executados.

O fato de a Ariana Grande parecer ter 16 anos e ser colocada em posição de símbolo sexual sempre me incomodou muito, por isso sua série de vídeos cantando acapella é uma das coisas mais maravilhosas já lançadas – principalmente pela Ariana, que aparentemente só grava clipe ruim, com o único objetivo de sensualizar para as câmeras (nada contra, mas acho que ela poderia entregar mais). Se ainda não ouviu Dangerous Woman e Into You sem os instrumentos, faça isso! Preferencialmente usando fones de ouvido.

Minhas favoritas são Dangerous Woman (óbvio!), Be Alright e Bad Decisions. Mas eu amo todas as músicas desse álbum, de verdade.

Menção honrosa para o clipe de Let Me Love You, que apesar de ser mais do mesmo, tem aquela cena final da Ariana Grande rindo com o Lil Wayne que é a coisa mais fofa da história dos clipes da Ariana Grande com o Lil Wayne (sério, gente, é muito fofo!).

ouve meu álbum, vai. nunca te pedi nada...


Mais tarde, em meados de junho, fui avisada por meio do twitter de que Nick Jonas havia acabado de lançar seu terceiro álbum, Last Year Was Complicated. As expectativas eram altas, já que o CD anterior tinha nos presenteado com ótimos singles, como Jealous, Chains (Nick Jonas cantando acorrentado em uma boate gay pode salvar seu dia) e Numb.

Felizmente, a graça foi alcançada e Last Year se mostrou o melhor trabalho do Nick Jonas, pelo menos até agora (pelo menos para quem só ouviu os dois últimos álbuns dele). O puro creme do pop dançante, choroso e grudento. Recomento muito! É o tipo de música sofrência que não te deixa sofrer demais porque 1) dá para fazer uns passinhos, 2) a voz maravilhosa do Nick Jonas distrai e 3) você fica imaginando aquele cara abençoado cantando essas coisas no seu ouvido. É uma ótima combinação.

Minhas músicas favoritas são Champagne problems, Chainsaw e Bacon.

OLAR


Em setembro, junto ao meu desemprego, veio Illuminati, o segundo álbum do Shawn Mendes, o que encaro como uma forma de a vida dar uma balanceada nas merdas pelas quais ela eventualmente faz a gente passar. Esse foi o único álbum que me fez deixar Dangerous Woman de lado.

Se você não sabe quem é Shawn Mendes, aqui vai um resumo: canadense que começou a carreira aos 16 anos postando covers de Justin Bieber e outros artistas no Vine, por diversão. Em pouco tempo, ganhou um monte de fãs, gravou dois álbuns, lotou as principais casas de show da América do Norte e conquistou a admiração de gente grande como Taylor Swift e John Mayer – de quem ele ganhou uma guitarra(!!!). É uma das atrações confirmadas para o Rock in Rio desse ano. Ah, ele tem 19 anos.

A voz do Shawn Mendes lembra um pouco a do Justin Bieber em seus melhores momentos, mas ele escolheu o caminho do pop mais acústico, como o Ed Sheeran. Illuminati tem momentos muito próximos da sonoridade do John Mayer – o cantor até chegou a dar alguns pitacos na produção desse álbum –, mas não chega a ser apenas uma cópia.

Minhas favoritas são Ruin (t ã o J o h n M a y e r!), Lights On e No Promises.

ouch!

Algumas descobertas

Teve essa moça chamada Grace que ouvi na trilha sonora de Esquadrão Suicida cantando uma versão de You Don’t Own Me, música-tema da personagem Arlequina. Eu me recuso a aceitar que as pessoas não foram atrás da mulher depois de ouvir essa mistura de Joss Stone com Duffy.

Pois Grace lançou um álbum poderosíssimo em 2016, FMA, cheio de baladas maravilhosas. Ela nos presenteou com, por exemplo, Church on Sunday, que nos primeiros acordes já nos dá aquela vontade de ir pra pista e virar rainha do baile, e Hell of a Girl (como uma música com um nome desses poderia ser ruim?! É boa por demais!). O disco continua um pouco devagar, mas igualmente delicioso. Ah, ela tem 18 anos, mais uma prova de que os novinhos vão dominar o mundo mesmo!


Finalmente, em algum momento do ano, eu fui fazer uma limpa nos meus favoritos e encontrei um link para o site dessa banda, The Wild Feathers, que estava salvo desde... 2013 (!!!). Se você gosta de um sonzinho indie moderado, vai curtir os moços. Além de tudo, eles são super simpáticos no twitter e costumam responder a galera.


E é basicamente isso. Antes de Dangerous Woman eu não faço a mínima ideia do que tocava na minha playlist, principalmente porque cancelei o Spotify (sdds) e fiquei sem esses dados – uma parte muito ruim de não ter conta no Spotify que a gente só percebe na hora de escrever um texto de retrospectiva musical do ano.

Como é notório, ouvi pouquíssima música brasileira ano passado e esse é um erro que espero corrigir em 2017. Se bem que eu falo a mesma coisa todo final de ano e nunca consigo mudar, então se alguém puder me ajudar indicando boas bandas e artistas brasileiros, ficarei muito agradecida! Se eu conseguir ouvir um álbum de música brasileira por trimestre já será uma vitória.

E se você leu esse texto até aqui, parabéns, você é um(a) guerreiro(a)! me conta quais músicas marcaram seu 2016!

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

¡Viva la cucaracha!


Nem sempre as coisas acontecem como gostaríamos. Nem sempre as circunstâncias ajudam. Em 2013, comprei meu ingresso para ver Papa Roach logo que o show foi anunciado. Dois dias antes da data marcada, o evento foi cancelado porque o vocalista Jacobby Shaddix teve problemas na voz (ou, como circulou na época, devido a uma pífia venda de ingressos) e meu dinheiro nunca foi devolvido – ALOU, INGRESSO RÁPIDO!

Quando um novo show foi anunciado, em setembro deste ano, eu já estava desempregada, mas não hesitei em comprar meu ingresso. Afinal, o dinheiro vai acabar de qualquer maneira, então é bom que eu aproveite bem cada centavo.

Na última quinta-feira, dia marcado para o show, fui atropelada pela Lei de Murphy e tudo parecia estar dando errado. Além do frio incomum para essa época do ano e da chuva insistente que caía em São Paulo, o carro quebrou quando meu namorado voltava do trabalho e acabamos nos atrasando muito.

No caminho, já dentro do trem, um painel mostrava o dia e o horário. As horas indicavam que o show estava para começar, mas o que me chamou a atenção foi a data: 15 de dezembro. Há exatos 9 anos eu havia conhecido The Used e assistido a um show deles, minha banda favorita na época. Respirei fundo. Como diria Rolling Stones, “You can't always get what you want”.

Com 30 minutos de atraso que salvaram minha vida – segundo a organização, atendendo a pedidos dos fãs – Jacoby, Tony, Jerry e Tobin entraram no palco do Tropical Butantã ao som de Face Everything and Rise, do último álbum da banda. Em seguida, foi a vez da recém-lançada Crooked Teeth, que estará no próximo disco do Papa Roach, prometido para 2017. O show continuou com os fãs mais antigos da banda sendo convocados para cantar Between Angels and Insects.

Foi em Hollywood Whore, sétima música da noite, que um problema técnico fez com que as luzes do palco parassem de funcionar. Ficamos alguns minutos no escuro, enquanto Jacoby conversava com o público e com as luzes, na tentativa de fazê-las cooperar. Infelizmente, só parte da iluminação voltou a funcionar. A partir desse momento, devido à fumaça e às luzes brancas, ficou impossível enxergar além da silhueta dos caras.

Apesar disso, o resto do show foi entregue com a mesma emoção e intensidade. Dois mosh pits foram formados; clássicos como Forever e Blood Brothers foram entoados a plenos pulmões; uma versão acústica de Scars tinha tudo para me fazer chorar, mas só me fez desejar pelo menos mais duas músicas só com voz e violão (Carry Me e Lifeline, que ficaram de fora do set).

Apesar de ter sido uma fã relapsa nos últimos anos, gostei do pouco que ouvi dos trabalhos recentes do Papa Roach, por isso o set list focado no F.E.A.R, lançado em 2015, não foi uma decepção. Acho apenas que 17 músicas foi muito pouco, esperava pelo menos 20... e umas!

Os problemas de infraestrutura atrapalharam bastante, mas não tiraram a energia do Papa Roach em momento algum. Foi uma noite de muita música, mas também de conversa. Em vários momentos o Jacoby falou com a gente, pedindo desculpas pelo bolo de 2013, elogiando o bigode e o cabelo de alguém da plateia, simplesmente berrando “¡VIVA LA CUCARACHA!”. Não foi exatamente do jeito que eu gostaria, mas como cantavam os Stones: “...if you try sometimes well you might find/ You get what you need”. Era exatamente o que eu precisava.

Set List

1. Face Everything and Rise
2. Crooked Teeth
3. Between Angels and Insects
4. Getting Away With Murder
5. Warriors
6. Kick in the Teeth
7. Hollywood Whore
8. Forever
9. Blood Brothers
10. Broken as Me
11. Devil
12. Scars (Acústica)
13. Gravity
14. Where Did the Angels Go?
15. Still Swingin’

Bis:
16. Last Resort
17. …To Be Loved

Papa Roach: Site Oficial | Facebook | Twitter | Ouça no Deezer

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Dançando como se fosse 2009

Créditos: Camila Cara/ T4F


Ah, o The Kooks! (insira aqui milhares de suspiros)

Eu nunca quis crescer rápido demais, eu nunca tive RG falso e meu único porre antes dos 21 anos foi totalmente acidental (pedi um copo de vodka pura achando que era Smirnoff Ice, e aí acabei bebendo tudo para não desperdiçar meu suado dinheirinho).

Num piscar de olhos veio a maturidade, a faculdade, novos amigos, a Rua Augusta e então eles, The Kooks. Eu não lembro exatamente como conheci a banda; talvez tenha sido pelo Myspace, ou por indicação de alguém, o fato é que logo eles se tornaram parte da trilha sonora de uma das fases mais loucas da minha vida.

Por terem sido tão importantes, é até estranho que eu só tenha ido a um show deles na quarta vez que o The Kooks pousou em terras tupiniquins, justo quando a faculdade é só uma lembrança distante, os antigos amigos já não ligam mais e as noites de final de semana são muito mais tranquilas.

A banda também sofreu algumas mudanças com o tempo. Ouve uma derrapada com o álbum Junk of the Heart (2011), mas acredito que eles tenham se recuperado com o divertido Listen (2014). Além da mudança de estilo, dos membros originais apenas Luke Pritchard (vocal e guitarra) e Hugh Harris (guitarra) continuam no grupo.

Detalhes da vida à parte, ontem eu pude me teletransportar para o início dos anos 2000 e me agarrar ao que sobrou de melhor daquela época: a música. O show começou com uma sequência de três canções antigas (Eddie’s Gun, Always Where I Need to Be e Ooh La), mostrando que os primeiros trabalhos do The Kooks não seriam deixados de lado no repertório.

Em Westside precisei me declarar para o meu namorado (We can settle down/ Start a family/ Cos' you're my best friend/ And you're so good to me), já a dobradinha Down e Bad Habit serviu para animar todo mundo e mostrar que a banda ainda está em sua melhor forma.

O resto do setlist foi uma mistura perfeita de músicas novas e antigas, intercalando momentos super dançantes (confesso que paguei grandes micos fazendo passinhos na pista) com outros mais intimistas. Das canções calmas, Seaside (Luke fazendo a apresentação apenas com voz e violão), Gap (MINHA MÚSICA FAVORITA DE TODOS OS TEMPOS SOCORRO) e Sway foram surpresas para mim. Não achei que todas elas teriam espaço numa mesma noite e fiquei muito feliz em poder ouvi-las (principalmente Sway, POIS MÚSICA MAIS LINDA DO MUNDO!).

She Moves in Her Own Way foi a última canção antes do bis. A noite terminou mesmo com Junk of the Heart (música que dá nome ao pior álbum dessa banda #neverforget, mas até que é boa) e, finalmente, Naïve.

Por incrível que pareça, senti falta apenas de Do You Wanna, praticamente um hino para mim. Outra falta sentida foi de alguma música inédita, já que o The Kooks promete um novo álbum para 2017. Com sorte, eles virão assim que lançarem o próximo trabalho, cheio de futuras músicas favoritas e hinos que cantarei a plenos pulmões (e dançarei causando vergonha alheia a todos que puderem ver).

Setlist:

1- Eddie's Gun
2- Always Where I Need to Be
3- Ooh La
4- Westside
5- Down
6- Bad Habit
7- See the Sun
8- Sofa Song
9- Around Town
10- Forgive & Forget
11- Seaside
12- Backstabber
13- Gap
14- Taking Pictures of You
15- Killing Me
16- Matchbox
17- Sway
18- Sweet Emotion
19- No Longer
20- She Moves in Her Own Way
21- Junk of the Heart (Happy)
22- Naïve
Via: Setlist.FM

sábado, 25 de julho de 2015

Ainda há Tempo de Amar The Strypes



Mês passado, fui assistir aos shows do 19º Cultura Inglesa Festival, que aconteceram no dia 21 de Junho, no Memorial da América Latina, em São Paulo. Entre as atrações, como Johnny Marr (ex- The Smiths), a que mais me chamou a atenção e definitivamente me fez levantar do sofá para ir ao evento, foi the Strypes. 

A primeira vez que ouvi esses garotos irlandeses, com idades entre 18 e 20 anos, foi em uma apresentação deles no programa Late Show With David Letterman, quando cantaram "What a Shame" e impressionaram o apresentador com sua presença de palco e maturidade musical. Isso pode até ser considerado obrigatório para qualquer banda, mas não deixa de ser admirável vindo de um quarteto tão novo, tanto em idade quanto em tempo de estrada - eles começaram a fazer shows em 2011. 

Para minha surpresa, The Strypes trouxe ao Brasil um show completo, com pouco mais de uma hora de duração - em festivais, os artistas geralmente ocupam o palco por apenas 30 ou 40 minutos. Entre as escolhas no setlist, tiveram espaço músicas do álbum de estreia, "Snapshot" (2013), do EP "Flat Out" (2015), além de novidades do segundo álbum, "Little Victories", lançado este mês. 

som dos garotos preza pelas guitarras pesadas, com influências do R&B e punk rock, e toda a energia desses gêneros pôde ser sentida durante a apresentação. Destaque para o guitarrista Josh McClorey, que se encarregou de interagir com o público brasileiro, enquanto Ross Farrelly, Pete O'Hanlon e Evan Walsh cumpriam com louvor seus papeis na voz, baixo e bateria, respectivamente, em maior ou menor grau de empolgação.

Eles conseguiram cativar o público presente, agitaram a plateia e entregaram um show enérgico e cheio de hits que me fizeram sentir em uma balada de indie rock (fica a dica para um próximo especial, pessoal do Beco 203).

The Strypes já está bombando lá fora há um tempo, o que lhes rendeu apresentações nos principais festivais internacionais, um documentário na BBCalém de elogios de artistas de peso, como Dave Grohl, Elton John e Noel Gallagher.

Que sorte a nossa poder vê-los de graça! 

Set List:

1- Now She's Gone
2- What a Shame
3- Best Man
4- '84
5- What The People Don't See
6- Cruel Brunette
7- I'm The Man (Joe Jackson Cover)
8- I Don't Want To Know
9- Three Streets
10- Queen of The Half Crown
11- Get Into It
12- Scumbag City
13- Mystery Man
14- Hometown Girls
15- Blue Collar Jane
16- Still Gonna Drive You Home
17- I Need To Be Your Only

Assista um vídeo de '84 abaixo:



Descubra mais informações sobre The Strypes no Facebook, Twitter e Site Oficial.


segunda-feira, 13 de julho de 2015

Você Deveria Respeitar a Vitória de Lucas e Orelha



Ontem teve fim a segunda edição do Reality Show musical SuperStar, da Rede Globo, e muitos que já davam como certa a vitória da banda Escalene foram surpreendidos com a conquista do prêmio pela dupla carioca Lucas e Orelha.

O choque é normal. Eu também achava que a Escalene tinha mais chances de vencer e conheço muitas pessoas que, como eu, tinham preferência pelos garotos de Brasília. Porém, a minha realidade não é a realidade do Brasil. Eu mesma não baixei o aplicativo e não votei nas bandas para as quais torcia, portanto não seria coerente reclamar do resultado.

O que me incomoda, na verdade, são as pessoas que agora usam a vitória da dupla para diminuir aqueles que gostam de música pop, ou para dizer que o programa foi comprado por alguma gravadora que já tem no gatilho um álbum dos artistas. Enfim, gente que tenta justificar de todas as formas a suposta injustiça do resultado.

Bom, se você não sabe, os artistas que participam do programa são, em sua maioria, indicados por pessoas de dentro da Globo. Não há uma seleção aberta para todos, como no The Voice. Portanto, seria muito fácil para alguma gravadora colocar um de seus pupilos entre os participantes. Injusto? Talvez. Mas não acho certo culpar os artistas pelos trâmites das gravadoras e seus parceiros. Eu mesma, se musicista fosse, aproveitaria qualquer oportunidade que me dessem. Na Globo então, eu iria sem pensar duas vezes!

A questão é: o fato de ter uma gravadora interessada na banda faz dela menos merecedora do prêmio? Acredito que não. Mesmo não tendo alcançado o primeiro lugar, todos os artistas que passaram pelo programa tiveram a oportunidade de mostrar seu trabalho para os milhões de telespectadores globais e essa experiência com certeza agregou muito à carreira de todos.

Portanto, por mais que a banda favorita do seu ciclo de convivência não tenha ganhado, e por mais que você não goste do estilo de música dos vencedores, isso não faz do prêmio injusto.

Lucas e Orelha são dois garotos novos que se destacaram desde o começo da competição, com suas músicas-chiclete e talento vocal indiscutível. Talvez venham a preencher uma lacuna existente na música pop brasileira e a mistura de R&B e Soul que trazem é definitivamente muito benvinda! É brega sim, mas nem por isso descartável. Como seria nossa história musical sem artistas como Falcão, Pepê e Neném, ou Fat Family? Com certeza muito sem graça!

Agora, se você se acha superior às outras pessoas só porque ouve certo tipo de música, me desculpe, mas você é um/a babaca.

O pop venceu. Respeita os mlk.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Pelas lembranças, pelos amigos e Forfun

Eu nunca fui muito fã de Forfun. Na verdade, lembro de ter ido a, no máximo, uns quatro shows deles, em meados de 2006. Independente disso, me peguei com um aperto no coração ao saber que a banda anunciou seu fim. 

Apesar da matemática, dos amores mal resolvidos, dos problemas familiares, aquela foi uma época  feliz. Eu ganhava meu dinheirinho como estagiária em uma corretora, ia aos meus shows favoritos, aproveitava as matinês do Hotel Cambridge todo sábado e ainda sobrava grana para comprar alguns álbuns de edição limitada do My Chemical Romance.

Eu tinha alguns bons amigos também, que foram muito importantes para eu me tornar quem sou hoje. Importantes demais. E uma das coisas que mais gostávamos de fazer era descobrir novas bandas pouco conhecidas e ir aos shows delas. 

As casas de shows que íamos eram pequenas, em sua maioria mal conservadas e eu quase sempre me pegava pensando se elas resistiriam mais um dia a mistura de suor, lágrimas e mosh-pits característica desses eventos. E apesar de sua fragilidade, elas sempre suportaram. Ao contrário das amizades, que com o tempo e a distância acabaram se deteriorando.

Mas uma coisa que guardo com carinho dessa época de discussões intensas nos fóruns do Orkut, conflitos matemáticos e passeios pela Galeria do Rock, são os momentos e amizades que essas pequenas bandas e suas músicas me proporcionaram. 

Eu não quero ficar aqui numerando e nomeando as canções e os momentos específicos, mas se pudesse escolher uma só música para representar o que o Forfun em especial significou para mim, a escolhida com certeza seria Constelação Karina e eu vou me abster de explicar, porque assim que você apertar o play no vídeo abaixo, vai saber do que estou falando.

A vida sempre dá um jeito de me lembrar que encerrar ciclos não é meu forte, mas cada tapa na cara desse é também uma oportunidade de enxergar a passagem do tempo, olhar para trás e recordar os bons momentos com um sorriso no rosto.


  


"O que te faz chorar
Amanhã já te faz rir
O coração bate ao contrário
Pronto pra explodir"